No desfile do Bloco Pacotão nesta terça-feira de carnaval (4/3), a crítica política direcionada ao ex-presidente Jair Bolsonaro predominou entre os foliões. A recente acusação formal contra Bolsonaro por suposta conspiração golpista inspirou diversas manifestações bem-humoradas durante o evento.
Fantasias representando Bolsonaro atrás das grades foram recorrentes, simbolizando o desejo de justiça por parte dos participantes. Gritos de "Sem anistia para golpista" e "lugar de golpista é na prisão" eram entoados por foliões, refletindo a insatisfação com os recentes acontecimentos políticos.
Tullio Mauro, de 45 anos, morador da Asa Sul, foi um dos que decidiu se fantasiar de Jair Bolsonaro atrás das grades. A escolha da fantasia não foi por acaso. "É um protesto e um desejo. Que ele [Bolsonaro] pague pelos crimes que cometeu", disse.
Para ele, a festa é um espaço de liberdade e expressão, onde a crítica e o protesto podem ganhar vida de forma criativa. "O pacotão tem essa tradição de protesto, de crítica. Achei um momento ideal para fazer esse protesto e mostrar esse desejo", explicou.
Bloco Pacotão no carnaval 2025
(foto: Minervino Júnior/CB/D.A.Press)
No meio da multidão animada do Pacotão, a foliã Bruna Oliveira, 35, também circulava com uma fantasia carregada de simbolismo. Ao lado do filho, Rian Victor, de 14 anos, ela fazia questão de reforçar que o carnaval é também um espaço de reivindicação. “É um bloco sem anistia”, disse, enquanto carregava uma mochila no formato de caixa com grade, na qual uma imagem do ex-presidente estava dentro.
Moradora de Sobradinho, Bruna enfatizou que a escolha da fantasia partiu do próprio filho, que é portador da Síndrome de Treacher Collins. Segundo ela, os cortes promovidos pelo governo anterior atingiram diretamente pessoas com deficiência, principalmente crianças e adolescentes. “Ele criou a fantasia porque sentiu na pele o impacto dessas decisões”, contou.
O bloco
Com 46 anos de história, o Pacotão nasceu em 1978 e na primeira edição reuniu cerca de 100 foliões, que pulavam o carnaval carregando estandartes e faixas irreverentes pela cidade. A marcha-rancho "Saudade da Beleza", composta por Cláudio Lysias, Guarabira e Carlão, embalou o primeiro desfile, que surpreendeu os brasilienses com sua irreverência e espontaneidade.