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Eles querem sangue, diz Dirceu sobre as pressões do mercado contra o governo Lula

Ex-ministro critica exigências do mercado e defende que governo preserve compromissos com seu programa eleitoral

Publicada em 04/12/24 às 05:44h - 7 visualizações

Brasil 247


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Eles querem sangue, diz Dirceu sobre as pressões do mercado contra o governo Lula
 (Foto: Lula Marques/EBC)
Em entrevista concedida ao jornal O Globo, José Dirceu, ex-ministro da Casa Civil e uma das figuras centrais do PT, criticou duramente as pressões exercidas pelo mercado sobre o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Segundo Dirceu, as exigências vão além do aceitável e representam uma tentativa de desestabilizar o governo eleito. “Eles querem que o governo adote um programa que não apresentou ao país. Querem que façamos haraquiri. É isso que estão pedindo. Querem sangue”, afirmou.

Aos 78 anos, o ex-ministro mantém-se ativo na articulação política e declarou estar disposto a ajudar o governo e o partido na reconstrução de suas bases. Apesar disso, descarta retornar ao Executivo, ressaltando que o presidente já está bem assessorado. Contudo, ele aponta que a disposição de Lula em ouvir conselheiros políticos é uma questão central: “O problema é se o presidente quer ouvir. Não sei se é porque não tem gente para ele ouvir ou se ele não tem ouvido”, destacou.

Críticas ao mercado e defesa de Haddad

Dirceu defendeu a política econômica liderada pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e rebateu as críticas às propostas de ajuste fiscal, como o aumento do Imposto de Renda para as maiores faixas salariais. Para ele, o mercado ignora as conquistas do governo e insiste em uma pauta que desconsidera as prioridades sociais. “O governo já fez a parte dele, agora a palavra está com o Congresso. Se tivéssemos maioria, faríamos uma reforma tributária na renda, riqueza e propriedade”, afirmou.

Ele também criticou o comportamento especulativo em relação ao câmbio, destacando que a alta do dólar não reflete fundamentos econômicos: “Economia e emprego estão crescendo, não há crise política. Temos superávit na balança comercial e quase US$ 360 bilhões em reservas. Qual razão para o dólar a R$ 6? Especulação”.

Cenário político e perspectivas para 2026

Dirceu vê o cenário político nacional e internacional como incerto, mencionando o impacto que um eventual retorno de Donald Trump à presidência dos EUA pode ter na conjuntura global. Ele também analisou as possibilidades de sucessão em 2026, prevendo um jogo político aberto. Sobre Jair Bolsonaro, disse acreditar que o ex-presidente continuará a influenciar a direita, mesmo inelegível: “Bolsonaro dá sinais de que será candidato até a impugnação pelo TSE. Ele já está em campanha, mas não tem sucessor definido”, avaliou.

O ex-ministro destacou ainda o papel de Tarcísio de Freitas como potencial adversário em 2026, caso a elite financeira e agrária o escolha como candidato. “Tarcísio seria um candidato mais difícil para Lula bater, mas também abre caminho para disputarmos São Paulo com maior possibilidade de vitória.”

Reflexões sobre o passado e o PT

Dirceu voltou a criticar os processos judiciais que enfrentou no mensalão e na Lava Jato, classificando-os como instrumentos de perseguição política. “O problema é que eles viraram instrumentos para mudar a realidade institucional do país. O mensalão foi transformado no maior caso de corrupção do século, sem provas. E veja hoje quem é Roberto Jefferson e quem sou eu”, provocou.

Sobre o PT, o ex-ministro defendeu a renovação do partido, com foco na formação de lideranças jovens e no fortalecimento das alianças políticas. Ele afirmou que o partido precisa eleger pelo menos 100 deputados e 10 senadores em 2026 para garantir uma base sólida para a continuidade do projeto político de Lula. “A tarefa política principal é fortalecer as alianças com PDT, PSB, PSOL e Rede, além de consolidar a unidade entre PV, PCdoB e PT.”

A entrevista de Dirceu reafirma sua posição como uma das vozes mais influente do PT, mantendo a defesa do legado de Lula enquanto alerta para os desafios econômicos e políticos que se aproximam.




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