Em entrevista à Agência Brasil concedida em evento realizado na Casa Brasil (ponto de encontro em Paris de torcedores, autoridades e atletas durante os 17 dias de Jogos Olímpicos) no último sábado (27), Raí também falou da expectativa para Copa do Mundo de futebol feminino que será disputada em 2027 no Brasil e comentou o legado da Gol de Letra, projeto social criado por ele há 25 anos.
Agência Brasil: Qual a
importância de um espaço como esse, da Casa Brasil, falando do Brasil e
de esporte na capital francesa durante os Jogos Olímpicos?
Raí: Acho que é o poder de mobilização do esporte.
Quando vemos o mundo inteiro aqui é super importante um espaço como esse
para o Brasil marcar presença. E o Brasil, junto de outros três ou
quatro países, é um dos mais aplaudidos aqui, como visto na Cerimônia de
Abertura. O Brasil tem que saber aproveitar isso, esses momentos, para
mostrar suas belezas, suas riquezas, tudo que temos de riqueza cultural e
que mostra o que somos. Estamos dando um passo a mais para que as
pessoas conheçam tudo que temos de bom, que não fique apenas no
imaginário. As Olimpíadas, a França, que estão se aproximando do Brasil,
são parcerias estratégicas que serão importantes para o mundo e para o
nosso desenvolvimento.
Agencia Brasil: Você é um
ídolo no Brasil e na França. Aqui, nos Jogos, podemos falar que você tem
atuado como uma espécie de embaixador entre os dois países, em especial
no esporte?
Raí: Eu me considero um embaixador informal. Tenho
muito orgulho disso, de ser esse símbolo entre os dois países. É algo
que pode fazer bem para o mundo. A França é o país dos Direitos Humanos,
da liberdade, da igualdade e da fraternidade. Já o Brasil tem um jeito
humano, o nosso jeito espontâneo, que todos adoram, além de todas as
nossas belezas. Entendo que o francês, ao conhecer o Brasil, volta com a
mesma impressão ao conhecer o Brasil: que o país é maravilhoso, é
lindo, mas o que tem de mais rico são as pessoas, as relações humanas.
Creio que o Brasil tem muito a espalhar pelo mundo, tem muito também a
aprender com os outros países.
Agência Brasil: Em três
anos o Brasil sediará uma Copa do Mundo de futebol feminino. Agora temos
a seleção brasileira disputando os Jogos Olímpicos com a Marta. Será
que a nossa Rainha chega ao Mundial em solo brasileiro dentro das quatro
linhas?
Raí: Acredito muito nas meninas [da seleção], não
apenas como potencial técnico, de fazer um bom papel aqui, mas também
representando uma causa. Uma causa que vai muito além do esporte. Mas
estamos torcendo muito para o Brasil ter uma grande performance aqui.
Sobre a Marta, ela é um dos maiores símbolos do Brasil, não apenas pelo
futebol, mas pela postura, força, como mulher, como nordestina. Uma
mistura de tudo isso. É muita potência, como diz a própria Marta, e
temos que celebrá-la enquanto pudermos, tanto dentro como fora de campo.
Agência Brasil: No Brasil, você tem um projeto social chamado Gol de Letra. Qual o legado desta iniciativa?
Raí: A Gol de Letra festeja 25 anos de trabalho. Mais
de 30 mil crianças já passaram pelos nossos centros. Faz diferença na
vida das pessoas atendidas, das suas famílias e também dos bairros nos
quais atua. Hoje temos resultados muito bons. Começamos a disseminar a
nossa metodologia há mais de 10 anos. Em outras quinze regiões do
Brasil, e até em Guiné-Bissau, formamos pessoas para fazer o mesmo que
fazemos nas periferias de São Paulo e do Rio, nas periferias. Quando
lancei a Gol de Letra, há mais de 25 anos, o objetivo era criar um
movimento para promover um país mais justo. Meu grande sonho é
transformar a Gol de Letra em sinônimo de cidadania, sinônimo de justiça
social, sinônimo de Educação de qualidade para que as novas gerações
possam se desenvolver o máximo possível para sejam os grandes
transformadores da nossa realidade, transformadores sociais.
Edição: Fábio Lisboa