Logo que se desencadeou a catástrofe humanitária da Covid-19, o ex-presidente Bolsonaro - sem ser médico, claro - passou a indicar publicamente o uso da cloroquina e da ivermectina, uma espécie de kit aliado a um antibiótico, para que as pessoas tomassem para prevenir a doença mortal, à época.
Uma parcela significativa da sociedade passou a ingerir o "kit covid". A ciência, naquela época, orientava no sentido contrário. Para que as pessoas não seguissem a orientação tresloucado do ex-presidente.
No final de semana agora, passados alguns anos, a Superintendência de Vigilância em Saúde de Santa Catarina admitiu que uso prolongado de ivermectina é uma das hipóteses prováveis para um possível "surto de escabiose" (sarna). Uma doença provocada por um parasita, por conta do uso indiscriminado e irresponsável da do remédio, que é um antiparasitário. E o pior: a sarna como uma doença contagiosa.
Segundo a Ciência Médica e Farmacêutica, tomar a ivermectina por longos períodos, sem qualquer necessidade (porque não serve, por exemplo, para covid), gera um fenômeno chamado de “superresistência farmacológica”, da mesma maneira que ocorre com os antibióticos. O medicamento não apresenta mais os efeitos desejados e a pessoa, então, fica muito mais vulnerável à sarna (ou outra doença), que passa a se espalhar facilmente.
Que loucura, amigas e amigos! Hoje, com o fato constatado no sul do Brasil, mais precisamente em Balneário Camboriú, pode-se avaliar o quando foi irresponsável Bolsonaro!
No estudo da Medicina Legal, uma das disciplinas do Curso de Direito, pode-se constatar uma relação imensa de doenças contagiosas, entre as quais a "escabiose" (sarna).
Um detalhe muito importante dentro da disciplina: a "sarna norueguesa", altamente infectante e com alto grau de transmissibilidade, poderá, sim, desencadear-se no Brasil pelo uso imoderado e contínuo da ivermectina.
Outro detalhe também deveras importante: a ivermectina, segundo a orientação médica e científica, é também indicada para o tratamento da sarna. Mas, em dose única ou controlada em doses semanais pelo médico. Quando as doses são contínuas e por períodos prolongados os efeitos ocorrem o contrário. Ou seja, com o organismo humano adquirindo uma perresistência ao remédio, daí o surgimento da doença e de outras.
Em 2021, estudos realizados por pesquisadores e cientistas da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) já alertavam para o problema e sua consequente gravidade.
Futuramente (Deus queira que não ocorra), segundo a Ciência, poderá haver uma infestação em determinadas áreas do Brasil pelo uso prolongado e irresponsável da ivermectina. Porque a sarna é facilmente transmissível de pessoa para pessoa através do contato físico, afetando com frequência toda a família, amigas e amigos.
Bolsonaro, irresponsavelmente, agrediu até o Manual do Ministério da Saúde, segundo qual orienta que as pessoas podem desenvolver uma infestação grave (chamada escabiose norueguesa ou escabiose crostosa), entre as quais:
1 - As que têm um sistema imunológico enfraquecido (em decorrência de infecção pelo vírus da imunodeficiência humana [HIV], câncer do sangue ou utilização crônica de corticosteroides ou outros medicamentos que suprimem o sistema imunológico);
2 - As que têm incapacidades físicas graves ou incapacidade intelectual;
3 - Aborígenes australianos.
Segundo ainda o Manual epigrafado, infecções graves que provocam formação de grandes áreas de pele espessa e crostosa (principalmente nas palmas das mãos e plantas dos pés de adultos e no couro cabeludo de crianças) que não coça - aqui a dificuldade para se identificar a doença, porque parece diferente das formas habituais de sarna, avaliam os médicos e farmacêuticos.