Uma investigação conduzida pelo Tribunal de Contas da União (TCU) encontrou fortes indícios de corrupção, superfaturamento e fraudes durante a gestão de Jair Bolsonaro (PL) no Palácio do Planalto. O TCU analisou contratos da Polícia Rodoviária Federal (PRF), da Polícia Federal (PF) e do Ministério da Defesa para a aquisição de viaturas blindadas da empresa Combat Armor durante o mandato do presidente.
Segundo o relatório do TCU, divulgado pela Veja, a empresa, ligada a Daniel Beck, um apoiador de Donald Trump nos Estados Unidos, obteve contratos no valor de 39 milhões de reais durante o governo Bolsonaro. O Tribunal concluiu que os contratos foram direcionados de forma fraudulenta para a Combat, com a conivência de agentes públicos na gestão bolsonarista.
Parte significativa dos recursos destinados à Combat foi atribuída a movimentos de Silvinei Vasques, ex-chefe da PRF durante o governo Bolsonaro. Vasques está detido por seu envolvimento em irregularidades durante o período eleitoral, quando a PRF, sob seu comando, foi utilizada para tentar interferir no processo de votação. O TCU suspeita que, além de beneficiar a Combat, o bolsonarista possa ter recebido propina enquanto ocupava o cargo na PRF.
“No tocante à habilitação da Combat Armor nesses certames, verificou-se que a empresa foi beneficiada por uma possível leniência de agentes públicos da PRF, que aceitaram atestados de capacidade técnica inidôneos, cujas fragilidades eram de fácil percepção”, diz o TCU em seu relatório.
Bolsonaro ao lado de Anderson Torres, ex-ministro da Justiça e Silvinei Vasques, ex-chefe da PRF. Foto: reprodução
Ainda de acordo com o Tribunal, a Combat Armor era uma empresa “de papel” nos Estados Unidos até 2019, quando chegou ao Brasil para participar de licitações. A investigação aponta que a companhia contou com o auxílio de agentes bolsonaristas para fraudar concorrências e superfaturar contratos, faturando milhões de reais na PRF, PF e Ministério da Defesa.
Com a suposta ajuda do governo de Bolsonaro, a empresa faturou R$ 33,5 milhões com a Polícia Rodoviária e mais R$ 273 mil pagos pelo Ministério da Defesa.
A investigação também destaca a existência de repasses financeiros da Combat a empresas ligadas a agentes públicos envolvidos nos processos de contratação, indicando possíveis casos de propina.
“Estas incluem a Superintendência do RJ, onde ele foi superintendente até abril de 2021, o Departamento de Polícia Rodoviária Federal em Brasília, durante seu mandato como Diretor Geral, e a Superintendência da PRF em Santa Catarina, onde também ocupou a posição de superintendente. Os montantes pagos por estas unidades à Combat Armor totalizaram valores expressivos, sugerindo uma relação entre os pagamentos e as posições ocupadas por Vasques”, apontou a investigação do TCU.