Lucchesi iniciou a entrevista enfatizando a postura adotada pelo governo dos Estados Unidos em relação à política industrial, especialmente sob a administração do presidente Joe Biden. Ele observou que o Brasil, ao contrário dos Estados Unidos, tem resistido à ideia de reorientar o crescimento industrial para gerar emprego e renda, atribuindo essa resistência a uma concepção ultrapassada que não tem trazido resultados positivos.
Segundo Lucchesi, o Brasil e outros países ocidentais seguiram as ideias do liberalismo nas últimas quatro décadas, mas o resultado foi uma regressão significativa, especialmente no que diz respeito à capacidade de criar cadeias de desenvolvimento econômico e social. Ele destacou que o Brasil foi o país mais prejudicado por essa abordagem, perdendo terreno para outras nações, principalmente a ascensão da China como superpotência industrial.
O diretor da CNI ressaltou a necessidade urgente de uma mudança de paradigma, especialmente diante das oportunidades oferecidas pela transição energética, bioeconomia e descarbonização. Ele observou que países como os Estados Unidos e a União Europeia estão investindo trilhões de dólares em políticas industriais robustas, enquanto o Brasil carece da mesma capacidade macroeconômica e fiscal para implementar iniciativas semelhantes.
O diretor da CNI também destacou a necessidade de uma abordagem diferenciada, focada em seis missões horizontais que abrangem diversos setores da economia, desde o agronegócio até a infraestrutura urbana sustentável. Ele enfatizou que a nova política industrial não se limita a resgatar estruturas do passado, mas sim a impulsionar uma "neoindustrialização" baseada em inovação, sustentabilidade e exportação.
Durante a entrevista, Lucchesi respondeu a críticas sobre a viabilidade e eficácia da política industrial, destacando que o Brasil tem um potencial significativo para liderar a transição para energias limpas e tecnologias verdes. Ele ressaltou que a indústria brasileira é sofisticada e capaz de competir globalmente, desde que receba o apoio e investimento necessários. "O Brasil foi o país que mais perdeu com o neoliberalismo e os críticos da política industrial estão presos ao passado", diz ele. Assista: