O advogado do tenente-coronel Mauro Cid, Cezar Bitencourt, afirmou à CNN nesta segunda-feira (21) que o ex-ajudante de ordens fará confissão e admitirá ter recebido ordem do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no caso das joias.
“É uma confissão. [Cid] vai admitir. As provas estão aí, ele vai admitir. Mas isso é início de conversa. Nem falei com o delegado que está com a investigação”, disse Bitencourt.
Conforme explicou o advogado, o ex-ajudante de ordens, que está preso desde maio, teria ouvido a seguinte frase de Bolsonaro: “Resolve isso aí, Cid”.
“[Cid] efetuou a venda do relógio nos EUA, daí ia trazer para cá o resultado. Ele era assessor do chefe. Fez isso e procurou entregar para quem o determinou que fosse feito a venda”, declarou Bitencourt.
“Ele era assessor, conhecia o presidente, tinha intimidade. Ele recebeu uma determinação e resolveu”, completou.
O advogado acrescentou que irá ao Supremo Tribunal Federal (STF) nesta segunda na tentativa de marcar uma audiência com o ministro Alexandre de Moraes, relator do caso na Corte.
Segundo apurou a CNN, Bitencourt pretende negociar como se dará o novo depoimento que Cid deve prestar com relação ao caso das joias.
De acordo com a analista da CNN Clarissa Oliveira, a defesa de Cid pretende construir pontes com Moraes, colocando o ex-ajudante de ordens como uma figura disposta a colaborar com as investigações.
Advogado de Cid nega diálogo com defesa de Bolsonaro
Ainda durante a entrevista, Bitencourt negou ter qualquer proximidade com a defesa de Bolsonaro. “Ele [advogado de Bolsonaro] me ligou, a gente cumprimentou e vamos ter respeito recíproco na defesa”, disse.
Bitencourt negou ter sofrido pressão após afirmar que Cid revelaria a participação do ex-presidente no esquema da venda das joias.
“Ninguém [me pressionou]. Sou advogado, sou independente. Ainda que houvesse [pressão], não surtiria efeito. Não existe pressão, não houve nada. Ninguém me procurou”, enfatizou.
A Polícia Federal (PF) afirma que o tenente-coronel negociou joias e relógios nos Estados Unidos com a ajuda do pai, o general Mauro César Lourena Cid.
As contas do general teriam sido usadas para repassar o dinheiro que entrou com a venda dos presentes.
“Tem vinte e cinco mil dólares com meu pai. Eu estava vendo o que era melhor fazer com esse dinheiro, levar em ‘cash’ aí. Meu pai estava querendo inclusive ir aí falar com o presidente. (…) E aí ele poderia levar. Entregaria em mãos. Mas também pode depositar na conta (…). Eu acho que quanto menos movimentação em conta, melhor, né?”, diz Cid em uma das conversas obtidas pela PF.
O pai do ex-ajudante de ordens também aparece no reflexo da caixa de escultura enquanto fazia foto para anunciar o objeto.
*Entrevista produzida por Basília Rodrigues