A Câmara de Caixas do Sul (RS) contou, na manhã desta quinta-feira (2), com uma manifestação histórica liderada pelo movimento negro em solidariedade ao povo baiano e em protesto contra o vereador Sandro Fantinel (sem partido).
A casa legislativa foi tomada por manifestantes pouco antes da sessão que aprovou, por unanimidade, pedidos de cassação do bolsonarista por conta da fala xenófoba que fez na última terça-feira (28) contra trabalhadores vítimas do trabalho análogo à escravidão.
O vereador disse, ainda, que a "única cultura" dos baianos é "viver na praia tocando tambor". A resposta da população não poderia ser mais contundente. Dezenas de pessoas lotaram o plenário da Câmara de Caixas do Sul tocando tambores e berimbaus, instrumentos típicos da música da Bahia, e entoaram palavras de ordem como "fascistas, racistas, não passarão".
Chorou ao pedir desculpasSandro Fantinel foi às redes sociais, nesta quinta-feira (5), para tentar se desculpar pela declaração xenófoba. O bolsonarista chegou até mesmo a chorar e dizer que sua esposa está pensando em deixá-lo, numa tentativa de tentar comover a opinião pública.
Desesperado, o bolsonarista afirmou que teve um "lapso mental" ao fazer a fala preconceituosa. “Registro que tenho muito apreço ao povo baiano e a todos do Norte e Nordeste do país. Em um momento de lapso mental, proferi palavras que não representam oq eu sinto pelo povo da Bahia e do Norte/Nordeste”, declarou, dizendo ainda que está "profundamente arrependido".
Em
dado momento, o vereador começou a chorar e citou até mesmo sua
família. Ele disse que sua esposa está pensando em deixá-lo e que seu
filho vem sofrendo ameaças: “Se as pessoas me atacassem a mim (sic), se
eu pagasse pelos erros que eu cometi, a gente paga, porque quando a
gente erra a gente tem que pagar. Mas o que tá acontecendo, meu povo, é
que minha esposa chora noite e dia recebendo mensagens ofendendo ela com
todos os pior nome que vocês pode imaginar (sic). Ela tá pensando até
em me deixar”.
Pedido de prisão
O PSOL do Rio Grande do Sul anunciou que vai entrar com um pedido de prisão do vereador no Ministério Público com base na lei 7716/89, que define os crimes resultantes de preconceito de raça ou de cor.
Nesta quarta-feira (1), a Educafro e o Centro Santo Dias de Direitos Humanos informaram que vão entrar com uma ação civil contra o vereador. As organizações vão pedir indenização por danos morais coletivos e a condenação do parlamentar para obrigá-lo a frequentar aulas de igualdade e combate à discriminação.
Na noite desta terça-feira, o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), classificou a declaração de Fantinel como "nojenta" e disse que os nordestinos são bem vindos no estado.
"O discurso xenófobo e nojento de vereador de Caxias contra o nordeste não representa o povo do Rio Grande do Sul. Não admitiremos esse ódio, intolerância e desrespeito na política e na sociedade. Os gaúchos estão de braços abertos para todos, sempre", escreveu Leite nas redes sociais.