A Procuradoria-Geral da República (PGR), em manifestação enviada ao Supremo Tribunal Federal (STF) nesta segunda-feira (27) na qual defende a manutenção da prisão do ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança do Distrito Federal, Anderson Torres, fez uma revelação que deve complicar ainda mais a vida do bolsonarista.
Torres, que está preso desde 13 de janeiro, é Investigado por suspeita de omissão e conivência com os atos golpistas em Brasília do dia 8 de janeiro. Naquela data, ele era o secretário de Segurança Pública do Distrito Federal e tinha viajado aos EUA.
Em depoimento aos investigadores na quinta-feira (2), Torres disse que "não sabe e não tem ideia" de quem é o autor da minuta encontrada em sua casa e nem mesmo como ela foi parar lá. Ele afirmou, ainda, acreditar que uma funcionária, ao arrumar sua residência, tenha colocado a pasta com o documento em uma estante, e que a tal minuta seria jogada no lixo.
"Ao contrário do que o investigado já tentou justificar, não se trata de documento que seria jogado fora, estando, ao revés, muito bem guardado em uma pasta do governo Federal e junto a outros itens de especial singularidade, como fotos de família e imagem religiosa", diz despacho assinado pelo procurador Carlos Frederico Santos encaminhado ao STF.
O procurador destaca, ainda, que a descoberta e apreensão da minuta golpista só foi possível porque Anderson Torres, no dia da operação, estava fora do país. "Estivesse
o investigado em solo nacional gozando de liberdade, possivelmente esse
e outros elementos de prova seriam ocultados ou destruídos, assim como
ocorreu com seu aparelho celular, deixado nos Estados Unidos da América
de maneira a impedir a extração de dados e análise da prova, o que
demonstra ausência de cooperação para o esclarecimento dos fatos",
afirma o documento da PGR.
Manutenção da prisão
Ao pedir para o STF que Anderson Torres seja mantido preso, a PGR argumentou que o ex-ministro sabia dos riscos envolvendo os atos de bolsonaristas no dia 8 janeiro e que, mesmo assim, optou por não agir.
"Ao sair do país, mesmo ciente de que os atos ocorreriam no dia 8 de janeiro, vislumbra-se que Anderson Gustavo Torres, deliberadamente, ausentou-se do comando e coordenação das estruturas organicamente supervisionadas pela pasta que titularizava, fator que surge como preponderante para os trágicos desdobramentos dos fatos em comento", diz o despacho.