Pesquisa divulgada pelo Instituto DataSenado mostra que 75% dos brasileiros são a favor da manutenção de programas de transferência de renda. Intitulado "Panorama Político 2023", o estudo revela que somente 21% se mostram contrários à ideia, enquanto 4% não souberam responder.
O levantamento foi feito entre 8 e 26 de novembro de 2022, portanto, ainda durante a gestão Bolsonaro, quando o país encerrou o ano com 58,7% da população em situação de insegurança alimentar. O dado é do Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia de Covid-19, produzido pela Rede Penssan.
A pesquisa entrevistou 2.007 pessoas com idade a partir de 16 anos,
por telefone, e vem à tona no momento em que o governo Lula redesenha o
escopo do Bolsa Família, programa de transferência de renda
que foi extinto pela gestão Bolsonaro em 2021 para dar lugar ao Auxílio
Brasil. Um novo modelo deve ser apresentado pelo atual governo nas
próximas semanas. A projeção é de que o presidente da República assine
uma medida provisória sobre o tema no próximo dia 28.
Democracia
A pesquisa do Instituto DataSenado traz ainda outros destaques, como o fortalecimento da defesa do sistema democrático. Ao todo, 73% dos entrevistados concordam que "a democracia é sempre a melhor forma de governo". O índice representa um crescimento em relação ao estudo feito em dezembro 2021, quando o percentual estava em 67%. Anteriormente, em janeiro de 2021, estava em 64%. O dado atual de 73% se aproxima do maior índice já registrado pelo levantamento nesse quesito, que esteve em 74% em junho de 2016.
Ao mesmo tempo, caiu de 16% para 11% o percentual daqueles que consideram que "em algumas situações, um governo autoritário é melhor". Também houve leve queda, de 10% para 9%, no índice dos que afirmam que "tanto faz ter um governo democrático ou um governo autoritário".
Tendências
O estudo também aponta percentuais para a divisão da sociedade brasileira no que se refere a tendências político-ideológicas. Entre dezembro de 2021 e novembro de 2022, subiu de 11% para 17% os que se dizem de esquerda, enquanto saltou de 21% para 31% o contingente dos que se identificam mais com a direita.
Os respondentes que não optam por nenhuma das duas constituem 38%. No final de 2021, eles representavam 55%. As pessoas que se consideram alinhadas ao centro mantiveram o patamar de 9% nesses dois momentos.
Os números acenam para uma maior capacidade de posicionamento por parte da população, o que reflete a polarização política que se intensificou no país nos últimos anos, tendo vivido seu auge nas urnas, em outubro de 2022.