Os perfis também se assemelham: são dois nomes que buscam dar confiança, motivação, tranquilidade e estabilidade para seus elencos, nos bastidores e nos discursos públicos — serenos na maior parte das vezes. “O Vasco não vai cair”, cravou Ramón Díaz em setembro. “É jogo a jogo. Ficar feliz sem medo de ficar feliz”, analisou Tite após sua estreia com vitória sobre o Cruzeiro, na quinta-feira.
Outra similaridade é nos nomes de confiança. Os dois mantêm como auxiliares seus filhos, Matheus Bachi e Emiliano Díaz, mais jovens e que desenvolvem contato próximo aos atletas.
Diferenças de estilo
A principal referência de Tite é o italiano Carlo Ancelotti. O técnico rubro-negro preza pelo equilíbrio tático de suas equipes e pela relação honesta e humana com seus comandados. No Flamengo, ignorou polêmicas anteriores e funcionou de cara como escudo para o elenco e a diretoria.
A vitória aumentou a boa impressão e colocará à prova o que Tite conseguiu com sobras na seleção: regularidade. Hoje, o Flamengo deve ter Arrascaeta no lugar de Everton Ribeiro no meio.
Do outro lado, Ramón alterna entre a tranquilidade no discurso e o temperamento elétrico à beira do campo, que transmitiu em espírito e ideia de jogo à equipe. Quando chegou ao Vasco, envolveu-se de forma pessoal na reorganização do projeto de futebol e nas negociações.
— Me deixou mais seguro, mais feliz de vir e poder atuar com a equipe e com ele — explicou Praxedes, hoje nome importante no intenso meio-campo cruz-maltino, arma principal para o clássico com a volta de Paulinho após cumprir suspensão.
A lembrança mais marcante que Tite tem de um confronto com o Vasco data da época em que ainda jogava como meia pelo Guarani. Em 1986, ele marcou de cabeça o único gol da partida, pelo Campeonato Brasileiro, e também o seu último antes de se aposentar precocemente, aos 28 anos.
Ramón, por sua vez, reencontra o Flamengo após eliminar o rubro-negro na semifinal do Mundial de Clubes, no início do ano, quando comandava o Al Hilal.
Diferentemente de Tite, que faz seu trabalho de retorno aos clubes do país depois da boa passagem pela seleção, o argentino, um ex-comandante do Paraguai, toca no Brasil seu primeiro trabalho após sete anos dedicados quase inteiramente ao futebol asiático — uma chance de voltar aos grandes palcos sul-americanos após muito sucesso até o início da década passada.