A “Lavagem da Madeleine”, a maior e mais importante tradição afro-brasileira na Europa, chega a sua 22ª edição levando a cultura brasileira às ruas de Paris. A celebração reúne a cada ano cerca de 30 mil pessoas e este ano terá o cantor e compositor Carlinhos Brown como principal atração. Franceses, brasileiras e brasileiros, pessoas de diferentes nacionalidades, misturam-se nas ruas da capital francesa dançando ao ritmo dos atabaques. O ponto alto do evento acontece domingo, 10 de setembro, a partir das 12h, quando uma multidão se concentra na “Place de La République”, no Centro de Paris, e segue desfilando pelas ruas da capital francesa, fechando em grande estilo o verão parisiense.
O evento é uma realização do Brasil Onire Lavage de La Madeleine, Carlinhos Brown e Ministério da Cultura (MinC), por meio da Fundação Nacional de Artes (Funarte). Criada pelo artista Roberto Chaves, a festa tem como padrinho o ator francês Vincent Cassel há sete anos. Integra a programação oficial da Prefeitura de Paris, faz parte da Rota dos Escravizados da Unesco e será filmada por mais um ano, pela cineasta Liliane Mutti para o longa-metragem intitulado “Madeleine à Paris”, que conta a história da Lavagem de Madeleine e tem Roberto Chaves como protagonista.
“Já participei inúmeras vezes da Lavagem da Madeleine e sempre me emociono”, diz Carlinhos Brown. “É uma festa brasileira respeitadíssima, onde essa expressão do sincretismo baiano, tal qual a Lavagem do Bonfim, a Lavagem de Nossa Senhora da Conceição e outras Lavagens. Paris sempre teve as portas abertas para que a gente realizasse isso, colocando em evidência a cultura brasileira. É um encontro lindo entre parisienses, brasileiros e pessoas de todo o mundo.”
“É um evento de resistência cultural do povo negro e quilombola”, explica Robertinho,natural da cidade de Santo Amaro da Purificação, interior da Bahia. “A mensagem da lavagem é de paz, contra a intolerância religiosa e por respeito a todos os povos e crenças. É mostrar o Brasil da diversidade na França e no mundo, nossas culturas sem estereótipos. Levamos às ruas o maracatu, a capoeira, o cortejo, o Batala, o samba, para mostrar quem somos, em nossa essência e potência. É um evento feito com muito amor e reconhecido por toda essa simbologia artística e de luta.”