— Essa é a primeira vez que a minha universidade vai terminar no vermelho — afirmou Ricardo Marcelo Fonseca, reitor da UFPR.
Fonseca apontou que a aprovação da PEC da Transição, a liberação do TCU para emissão de créditos extraordinários e a retirada do Auxílio Brasil do teto de gastos, após decisão do ministro Gilmar Mendes do STF, liberaram espaço fiscal para que o orçamento das universidades fosse recomposto.
Após essas decisões, o Ministério da Educação chegou a chamar as universidades para saber quanto seria necessário para fechar o ano. A expectativa era a de que pelo menos R$ 438 milhões bloqueados no meio do ano fossem liberados, o que não aconteceu por decisão da Economia.
— O orçamento de 2022 já era muito apertado, mesmo com um aumento em relação a 2021. Isso porque houve uma baita inflação e também a volta presencial às aulas — diz Fonseca. — Com o bloqueio, todas ou quase todas vão levar dívidas no ano que vem.
A UFRJ, por exemplo, terminou o ano com uma dívida de R$ 94 milhões, que será repassada para o próximo ano. O custo da universidade é de cerca de R$ 24 milhões por mês.
— Esse ano entramos com previsão de R$ 45 milhões, apontando que o orçamento era insuficiente. Com o corte do meio do ano, se somaram R$ 23 milhões do que a gente já previa de déficit mais a inflação dos reajustes previstos em contrato. Além disso, tivemos R$ 18 milhões de superávit de arrecadação própria que não pudemos utilizar (por conta da lei do teto de gastos) — afirmou Eduardo Raupp, pró-reitor de Planejamento, Desenvolvimento e Finanças.
Na avaliação de Raupp, as universidades precisam de uma recomposição orçamentária no nível de 2019 mais a inflação do período.
— Assim conseguimos terminar o ano mesmo pagando essas dívidas que ficaram — afirmou.