Na obra literária "O Alienista", Machado de Assis narra a história do Dr. Bacamarte, médico alienista que criou a "Casa Verde", um local para ele pudesse realizar seus estudos inéditos sobre a mente humana.
Conta o enredo da obra que, depois de conquistar prestígio médico na Europa e no Brasil, nas suas andanças pelo mundo, Simão Bacamarte retorna à terra natal, a Vila de Itaguaí, na Região Metropolitana do Rio de Janeiro, para dedicar-se ainda mais à profissão.
Decidido a decifrar a mente humana, até por ser psiquiatra, o Dr. Bacamarte constrói em Itaguaí um manicômio chamado "Casa Verde", os loucos da cidade e da região. Em pouco tempo a casa ficou lotado. A Vila quase toda estava lá, precisando de tratamento.
Dr. Bacamarte, então, passou a enxergar loucura em todos os habitantes da localidade - 75% da população da cidade encontra-se internada. Percebeu que aquilo estava errado. Com isso ele desenvolve uma nova teoria: como ninguém tinha uma personalidade perfeita, exceto ele próprio, o alienista conclui ser ele o único louco e decide trancar-se sozinho na Casa Verde, vindo a falecer poucos meses depois.
Donald Trump chega pela segunda vez à Casa Branca, nos Estados Unidos, e passou a considerar como loucos os demais habitantes do mundo. Enfrentando o mundo Trump faz lembrar uma antiga "Teoria do Louco" que foi discutida na época do ex-presidente Richard Nixon, quis fazer com que o Vietnã do Norte acreditasse que ele era completamente louco, com desequilíbrio mental para acionar "botão nuclear" e implodir o mundo.
"O que Trump está fazendo é gerar muita incerteza, e isso afeta o crescimento", explica à BBC News Mundo, serviço de notícias em espanhol da BBC, Javier Díaz Giménez, doutor em economia e professor da Escola de Negócios IESE da Universidade de Navarra, na Espanha.
Analistas observam que Trump usa, hoje, a estratégia do passado usada por Nixonn, de ameaçar e amedrontar a todos. Segundo o jornalista Tom Bateman, correspondente da BBC no Departamento de Estado dos Estados Unidos, "a incerteza da política externa pode ser algo deliberado por parte de Trump, e estar alinhada à "Teoria do Louco".
"Isso sugere que ser poderoso, mas imprevisível, é uma forma de manter os aliados próximos e, ao mesmo tempo, coagir os adversários", avalia o jornalista Bateman. É aqui, justamente aqui que reside o cerne do elemento preponderante da "Teoria do Louco". Agora, para alívio da humanidade, é esperar que Trump possa fazer o mesmo que o Dr. Simão Bacamarte, de Machado de Assis, para admitir que louco não é o mundo, mas ele próprio, para, enfim, trancafiar-se na solidão da Casa Branca, transformando-a num manicômio dele.