Mesmo hoje com os avanços da medicina, a hanseníase continua sendo uma doença de difícil diagnóstico, como ressaltou Marly na época em que concedeu a entrevista.
“O diagnóstico da hanseníase é muito difícil. Ele era há 19 anos e continua sendo. Porque, infelizmente, ninguém aprende sobre hanseníase na faculdade. Então os profissionais de saúde, em geral, saem de lá sem saber fazer o diagnóstico. No meu caso eu andei em ortopedista, em ergometrista, dermatologista. Na época tudo que tinha eu andei e ninguém fez. E eu passei sete anos para ser diagnosticada.”
A fundadora do Grupo de Apoio às Mulheres Atingidas pela Hanseníase também falou sobre os sintomas que sentia até conseguir, enfim, a definição exata da doença.
“Eu tinha uma perda de força muito acentuada. Tudo caía da minha
mão. O meu braço estava em choque, aquele choque quando você bate, sabe?
E eu não conseguia mais fazer as minhas atividades da vida diária. Aí
eu fui diagnosticada com LER. Me aposentei como se eu tivesse LER,
fibromialgia e uma doença psiquiátrica. Só depois de aposentada o meu
diagnóstico foi feito. E como é que descobriram? Foi uma médica que
também tinha o mesmo problema que eu, e nós fazíamos perícias juntas.
Então ela fez a apalpação de nervo e fomos confirmar no Centro de Saúde
Brasília 1. Foi assim que meu diagnóstico foi feito. Por mera sorte, não
teria sofrido mais alguns anos.”