No último ano, o Congresso distribuiu aproximadamente R$ 50 bilhões em emendas, cujos critérios foram considerados insuficientes e, há dois anos, ilegais pelo Supremo. A investigação sobre as emendas começou com a ministra aposentada Rosa Weber e, atualmente, é conduzida pelo ministro Flávio Dino, que interrompeu a execução dos pagamentos e acionou a PF para investigar diversos indícios de desvio de recursos públicos.
Esses desvios de emendas já resultaram em cenas inusitadas, como um vereador jogando pela janela uma mala com R$ 200 mil ao ser surpreendido pela Polícia Federal. A distribuição dos recursos sempre foi centralizada em figuras de destaque como o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e o ex-presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), o que intensifica a sensação de que as investigações podem criar um ambiente ainda mais hostil entre o governo e o Parlamento.
Há também um crescente movimento entre os próprios parlamentares para acusar colegas de malversação de dinheiro público. "A relação entre Judiciário, Governo e Legislativo está tensa e é muito difícil de mudar. As apurações indicam muito dinheiro destinado a entidades inexistentes. Agora que começou a mexer, o Dino indica que vai até o fim. Está difícil projetar um cenário de tranquilidade", disse outro presidente de partido ligado ao Centrão.