No vídeo, intercalam-se imagens de militares em treinamento e civis em momentos de lazer, encerrando com a provocação: “Privilégios? Vem para a Marinha”. A peça gerou desconforto generalizado no governo, sendo considerada um erro por auxiliares do presidente. Irritado, Lula questionou José Múcio se ele tinha conhecimento do conteúdo. O ministro negou ter aprovado a divulgação, informando que o material foi autorizado diretamente por Olsen.
Impacto político e mudança de postura
A divulgação do vídeo repercutiu rapidamente, levando Fernando Haddad a expressar seu descontentamento diretamente ao ministro da Defesa. O episódio também influenciou a posição de Lula sobre as negociações com os comandos das Forças Armadas acerca da transição de regras para aposentadoria. Inicialmente, o presidente havia aceitado a proposta de uma transição gradual, permitindo que a idade mínima de 55 anos fosse plenamente adotada apenas em 2043. Contudo, após o incidente, Lula optou por endurecer a posição e endossar a proposta do Ministério da Fazenda, que prevê a adoção definitiva da regra em 2032, com uma transição até o final de 2031.
A mudança abrupta de postura evidenciou a gravidade da situação. “O tom do vídeo foi inadequado e não condiz com o momento de diálogo que o governo busca estabelecer com as Forças Armadas”, avaliou um auxiliar próximo ao presidente.
Novo protocolo para campanhas das Forças Armadas
Como resultado do incidente, o governo determinou uma nova diretriz para campanhas publicitárias das Forças Armadas. A partir de agora, todas as peças deverão ser previamente avaliadas e aprovadas pelo Ministério da Defesa antes de serem divulgadas. Até então, cada Força tinha autonomia para criar e publicar seus materiais com a autorização do respectivo comandante.
A presença de Olsen na reunião buscou demonstrar disposição em esclarecer os fatos e amenizar o desconforto. Segundo interlocutores, o comandante explicou o objetivo do vídeo e reconheceu o impacto negativo gerado. Ele e José Múcio deixaram o encontro com a percepção de que o assunto está encerrado, embora o episódio tenha deixado marcas no diálogo entre o governo e as Forças Armadas.
As mudanças nas regras de aposentadoria dos militares fazem parte de um pacote de ajuste fiscal que busca equilibrar as contas públicas. A proposta enfrenta resistências dentro das Forças Armadas, mas o governo tem defendido a necessidade de uniformizar as regras de transição para todas as categorias do funcionalismo público.