Durante o governo de Jair Bolsonaro (PL), militares da ativa começaram a receber indenizações expressivas ao migrarem para a reserva. Entre os indiciados pela Polícia Federal por envolvimento em uma suposta trama golpista, cinco receberam, juntos, R$ 2,2 milhões, de acordo com informações do Portal da Transparência. As mudanças nas regras beneficiaram diretamente figuras-chave desse grupo.
O general Mário Fernandes, um dos apontados como idealizadores de um plano para atentar contra o presidente Lula (PL), seu vice, Geraldo Alckmin e o ministro do STF Alexandre de Moraes, recebeu R$ 421,9 mil. O valor inclui R$ 262,4 mil ao passar para a reserva em 2020 e mais R$ 159,5 mil em 2021 como verbas indenizatórias. Esse pagamento foi um dos maiores entre os indiciados.
Outro beneficiado foi Almir Garnier, ex-comandante da Marinha, que recebeu R$ 364,3 mil, divididos entre R$ 265,1 mil de indenização em 2021 e R$ 99,4 mil em 2023. Sua corporação chegou a divulgar vídeos negando privilégios, apesar dos valores elevados destinados ao militar.
O ex-ministro da Defesa Paulo Sérgio de Nogueira de Oliveira também foi contemplado. Em maio de 2021, ele recebeu indenizações que somaram R$ 300 mil. Já o general Estevam Theophilo Gaspar ganhou R$ 776,3 mil, com R$ 381,4 mil recebidos ao ir para a reserva em 2023 e R$ 394,9 mil em janeiro de 2024 como verbas adicionais.
O coronel Cleverson Magalhães, ligado a Mauro Cid, recebeu R$ 288,8 mil ao passar para a reserva em 2023. Já o coronel Carlos Giovani Pasini, acusado de ter participado da elaboração de um documento para pressionar o Exército a aderir ao plano golpista, recebeu R$ 222,6 mil em fevereiro de 2023.
O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro – Foto: Reprodução
Ainda em 2020, Walter Braga Netto, também indiciado pela PF, foi destaque com um pagamento de R$ 926 mil em apenas dois meses. Os valores incluíram indenizações, salários acumulados e férias não gozadas, sendo o maior montante registrado entre os envolvidos.