O ministro decano Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), afirmou nesta quinta-feira (28) que a Polícia Federal pode realizar novos indiciamentos no âmbito da investigação sobre a trama golpista que visava impedir a posse de Lula (PT) e de outras autoridades em 2022. Segundo Mendes, depoimentos pendentes de militares já presos podem trazer novas informações sobre o caso.
“É possível, por conta exatamente de haver pessoas presas e indiciadas que serão ouvidas. Certamente virão novas informações”, declarou o ministro durante um evento em Portugal. Gilmar também apontou que o relatório final da PF foi enviado sem incluir dados de investigações recentes, o que pode levar a desdobramentos futuros.
Entre os alvos da investigação, está o tenente-coronel Rodrigo Bezerra de Azevedo, preso em 19 de novembro. Ele não foi ouvido antes da entrega do relatório da PF. Além disso, as autoridades buscam identificar ao menos três suspeitos que teriam planejado assassinar o presidente Lula, o vice-presidente, Geraldo Alckmin (PSB) e o ministro do STF Alexandre de Moraes.
Para o decano do Supremo, o envolvimento de militares de alta patente na tentativa de golpe é “extremamente grave” e reforça a necessidade de despolitização das Forças Armadas.
Gilmar Mendes também defendeu a votação de uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que proíba militares da ativa de disputarem cargos eletivos.
A proposta, apresentada pelo ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, prevê que oficiais que desejem se candidatar passem obrigatoriamente para a reserva. Apesar do apoio das cúpulas militares, o texto enfrenta resistência no Senado e está parado há mais de um ano.
“É importante fortalecer a institucionalidade e definir quais funções administrativas ou cargos [os militares] podem ocupar”, destacou Mendes.