A Polícia Federal (PF) apontou que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) redigiu, ajustou e “enxugou” a chamada “minuta do golpe”, documento que previa a intervenção no Poder Judiciário para impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e convocar novas eleições. A investigação revelou que o ex-capitão teria contado com apoio de militares e aliados para articular a medida, que incluía até ações extremas contra autoridades.
Mensagens analisadas pela PF indicam que Bolsonaro esteve diretamente envolvido na elaboração do decreto, que ficou conhecido como “minuta do golpe”. Segundo a corporação, o documento foi compartilhado por Mauro Cid, ex-ajudante de ordens, com o general Freire Gomes, então comandante do Exército, sugerindo que o plano ganhava forma com apoio de lideranças militares.
Os arquivos também revelaram que o ex-chefe de Estado brasileiro estava sob pressão de deputados para tomar “medidas mais pesadas” utilizando forças armadas. De acordo com a PF, Mauro Cid escreveu que Bolsonaro “enxugou o decreto” e tornou o texto “mais resumido”, buscando dar objetividade ao plano. As apurações apontam reuniões realizadas com militares, como o general Estevam Cals Theofilo, para angariar apoio à tentativa de golpe.
A Operação Contragolpe, deflagrada pela PF nesta terça-feira (19), desarticulou o esquema e resultou na prisão de cinco envolvidos, incluindo militares da ativa e da reserva. Entre os detidos estão o general Mário Fernandes, ex-assessor de Eduardo Pazuello, e o major Rafael Martins de Oliveira, acusado de negociar recursos para financiar atos antidemocráticos.
Segundo a PF, o grupo, chamado de “kids pretos”, utilizava suas habilidades em operações militares para organizar planos de sabotagem e até assassinatos de autoridades, como Lula, Geraldo Alckmin e Alexandre de Moraes. O esquema incluía ações operacionais denominadas “Punhal Verde e Amarelo.”
Com autorização de Alexandre de Moraes, foram cumpridos cinco mandados de prisão preventiva, além de buscas e medidas cautelares.