“O que ocorreu ontem não é um fato isolado do contexto,” afirmou Moraes, referindo-se ao atentado recente. “Queira Deus, e a Polícia Federal vai analisar, que seja um ato isolado, mas, no contexto, é um contexto que se iniciou lá atrás, quando o famoso ‘gabinete do ódio’ começou a destilar discurso de ódio contra as instituições, contra o Supremo principalmente". “Ofender, ameaçar, coagir, em lugar nenhum do mundo isso é liberdade de expressão. Isso é crime”, reiterou.
Extremismo alimentado por discursos de ódio e impunidade - A fala de Moraes surge em meio às revelações do depoimento de Daiane, ex-esposa de Francisco Wanderley Luiz, conhecido nas redes como "Tiu França". Ela revelou à Polícia Federal que o extremista possuía planos de assassinar o ministro Moraes. Wanderley Luiz, identificado como figura ativa em acampamentos golpistas, vinha compartilhando ideias e estratégias para atacar o STF e a Câmara dos Deputados, conforme Daiane. Em conversa com investigadores, ela revelou que o ex-marido “morreu porque foi descoberto” antes de executar uma “coisa maior”.
O ataque evidenciou, mais uma vez, o extremismo em setores bolsonaristas após a derrota de Jair Bolsonaro (PL) para o presidente Lula (PT) nas eleições de 2022. Para Moraes, é essencial que todos os responsáveis, inclusive aqueles que incitam esses atos violentos por meio de posições de influência, sejam punidos. “Não existe possibilidade de pacificação com anistia a criminosos,” disse Moraes. “Nós sabemos que o criminoso anistiado é um criminoso impune, e a impunidade vai gerar mais agressividade, como gerou ontem".
Plano de ataque e explosão em Brasília - Wanderley Luiz teria se dirigido ao STF com uma mochila, contendo dispositivos explosivos que ele ativou próximo ao Anexo IV da Câmara e à estátua da Justiça. Conforme boletim de ocorrência da Polícia Civil do Distrito Federal, testemunhas ouviram explosões e relataram que Luiz ordenou aos seguranças que se afastassem, ameaçando com um dispositivo. Após se deitar no chão, o extremista deteve o dispositivo sob a cabeça, aguardando a explosão que o vitimaria. O caso foi classificado por Moraes como o mais grave atentado contra o STF depois do 8 de janeiro de 2023.
Responsabilização como único caminho para a pacificação - Moraes defendeu a regulamentação das redes sociais, vistas por ele como veículos de “envenenamento constante” contra a democracia. Ele enfatizou a necessidade de colaboração entre o Judiciário, Ministério Público, autoridades políticas e policiais para combater o extremismo. Para Moraes, o contexto de ataques a instituições tem raízes em anos de retórica violenta, culminando nos trágicos eventos de janeiro e na ação recente. "A impunidade daqueles que atentaram contra a democracia gera eventos como o de ontem. [...] Não podemos compactuar com a impunidade de ninguém que atente contra a democracia, contra os Poderes de Estado".