Após quase sete anos do crime que chocou o país, o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro sentenciou nesta quinta-feira (31) Ronnie Lessa a 78 anos e nove meses de prisão e Élcio de Queiroz a 59 anos e oito meses. Ambos confessaram a execução da vereadora e do motorista, reconhecendo o envolvimento direto no homicídio. Para Andrei, o processo reforça a capacidade de ação da PF, mesmo diante das dificuldades iniciais. "A complexidade dessa investigação, haja vista o tempo transcorrido até que a Polícia Federal assumisse o caso e outras circunstâncias peculiares, foram fatores dificultadores", afirmou.
A trajetória do caso até aqui não foi fácil. O diretor-geral ressaltou que, desde que a PF assumiu a investigação, foi preciso reconstruir os passos da investigação anterior, contaminada por desvios e tentativas de manipulação. Segundo a alta cúpula da PF, o trabalho revelou "mudanças constantes e propositais nos rumos da investigação original", desvios que acabaram por distorcer o foco e as provas iniciais, relata Daniela Lima, também do g1.
Familiares de Marielle e Anderson, entre eles, Marinete e Antônio, pais da vereadora, a filha Luyara, a irmã Anielle e a viúva de Anderson, abraçaram-se emocionados após a longa jornada de quase 24 horas de julgamento, mas que representa uma espera de mais de seis anos desde o trágico evento. No entanto, apesar do desfecho para os executores, o caso ainda não está totalmente resolvido: restam em trâmite as investigações sobre os supostos mandantes do crime, os irmãos Chiquinho e Domingos Brazão, acusados por Lessa e Élcio de serem os mentores do assassinato. Ambos, que negam as acusações, aguardam julgamento no Supremo Tribunal Federal.
A fase de coleta de testemunhos já foi concluída, e, com autorização do ministro-relator, novos laudos foram incluídos no processo, concedendo à defesa o prazo de cinco dias para apresentar as diligências restantes. Após essa etapa, ainda haverá as alegações finais, em que as partes poderão expor suas conclusões. Somente após a análise completa do processo, o relator o liberará para julgamento, que pode ocorrer de forma presencial ou virtual, ainda sem data definida.
A PF, que acompanhou o julgamento de Lessa e Élcio de perto, confia que o desdobramento do caso representará uma vitória não só na resolução do crime, mas também na luta por justiça e na confiança no trabalho investigativo realizado no país.