Vilela explicou que os dados do anuário são baseados em registros do sistema judiciário penal, o que reflete apenas os casos que chegam ao sistema policial. “Primeiro eu acho que é importante as pessoas saberem como que esses dados são obtidos. O anuário de violência é um anuário em que você levanta o que está registrado no sistema judiciário penal. Então o que a gente está falando é o que a gente conseguiu constatar, que chegou ao sistema policial. Eu acho que é importante as pessoas entenderem que desde que a gente começou a registrar, e esse registro tem aumentado, que aí tem duas coisas: está aumentando a violência? Algumas violências estão aumentando, mas a maior parte do processo que a gente tem é um processo de reconhecer como é a sociedade que a gente vive, uma sociedade brutalmente violenta, brutalmente violenta com mulheres e com crianças, e com pessoas LGBT, e esse anuário vai demonstrar isso.”
Elenira enfatizou que a maioria dos crimes violentos é cometida por homens. “A notícia que a gente tem em geral é que 90% dos homicídios são cometidos por homens. Então a gente precisa entender que a violência na nossa sociedade mora na masculinidade, mora na misoginia, mora no machismo. O assassinato, a brutalidade, a violência contra crianças, contra mulheres, é praticado por homens.”
Sobre os feminicídios, Vilela
apresentou um dado alarmante: “Eu fiz a conta, 92,9% das mulheres foram
assassinadas pelo ser vivo que elas chamavam de marido, ou namorado, ou
ex-marido, ou ex-namorado, ou por um familiar. 92,9% dos feminicídios
são cometidos pelo homem mais próximo da mulher. O que significa que a
coisa mais segura para uma mulher fazer na sua vida é não ter homens na
sua vida, para não ser assassinada, olha que bizarro! A gente constatar
que o lugar da morte, da violência contra as mulheres é a proximidade,
apenas 7,1% foram assassinadas por desconhecidos.”