O presidente Lula afirmou, em entrevista para a imprensa japonesa, que a guerra na Faixa de Gaza é uma guerra entre “um exército” contra “milhares de mulheres e crianças, que são as grandes vítimas”, e que o ataque só é mantido por interesse do governo de Israel.
“Não é uma guerra entre um exército e outro exército. É o exército de Israel com outras milhares e milhares de mulheres e crianças que são as grandes vítimas”, falou.
Desde outubro, Israel já assassinou mais de 34,3 mil pessoas com os bombardeios contra a população civil na Faixa de Gaza. Há uma semana, mais de 300 corpos, com as mãos amarradas às costas, foram encontrados em uma vala comum em um hospital quando o local foi deixado pelas tropas israelenses.
“Eu sempre acho que, muitas vezes, quem quer a guerra em Israel é o governo e não o povo de Israel. O povo de Israel quer paz, o povo palestino quer paz. Não é o que pensa o governo e não é o que pensa o Hamas”, continuou o presidente.
O ditador israelense, Benjamin Netanyahu, tem falado que a prioridade não é a paz e nem acordos de troca de prisioneiros, mas continuar a guerra.
Na terça-feira, o fascista falou que Israel invadirá Rafah, que é a cidade mais ao sul da Faixa de Gaza, onde grande parte de toda a população palestina se encontra depois de ter abandonado suas casas, “com ou sem acordo” de cessar-fogo.
Netanyahu enfatizou que não seguirá qualquer ordem e continuará o massacre.
PODER DE VETO
O presidente também criticou o poder de veto Conselho de Segurança da ONU.
Lula destacou que os Estados Unidos vetaram diversas vezes e de forma unilateral resoluções do Conselho de Segurança da ONU que exigiam um cessar-fogo. O Conselho só conseguiu deliberar pelo tema, defendendo uma trégua, depois de mais de cinco meses de guerra.
“A nossa proposta para a ONU acaba com o direito de veto. Não tem porque ter veto”, declarou Lula.
Para Lula, “quando nós defendemos a modernização do Conselho de Segurança da ONU, nós pensamos numa África, que tem 54 países. Esses países, assim como outros, poderiam fazer parte do Conselho da ONU”.
As declarações foram feitas em uma entrevista coletiva com jornalistas japoneses, por ocasião da vinda do primeiro-ministro do Japão, Fumio Kishida, para o Brasil entre os dias 2 e 4 de maio.
Na coletiva, Lula comentou que a guerra entre Rússia e Ucrânia “é uma demonstração viva da ineficácia do papel das Nações Unidas. Se as Nações Unidas fossem mais representativas, uma guerra como essa poderia ser evitada”.
“Eu ainda acho que vamos chegar a uma solução de paz entre Ucrânia e Rússia. Esse, possivelmente, pode ser o assunto que eu discuta com o primeiro-ministro do Japão. Se estivermos de acordo, poderemos fazer coisas conjuntas”, disse.
O presidente Lula assinalou que, na conversa com Fumio Kishida, sua prioridade será “aperfeiçoar e aprimorar a relação entre Japão e Brasil. É dar um salto na nossa relação econômica”.