A popularidade de Moro é monitorada desde maio de 2019, quando ele estava em alta como ministro da Justiça do governo de Jair Bolsonaro, com 60% de aprovação. Após o início da pandemia, aconteceu a primeira avaliação em que a imagem negativa superou a positiva, com 56% contra 27%.
Desde então, até o período eleitoral, que o levou ao Senado, a disparidade foi aumentando, atingindo 66% de reprovação em 2021. Durante 2023, Moro conseguiu diminuir a disparidade na sua avaliação, tendo 47% de imagem negativa contra 41% positiva na metade do seu primeiro ano como senador, e 45% contra 41% em novembro.
Após contar com uma possível limpeza na imagem, a avaliação de desaprovação aumentou 20%, e a reprovação 19% em cerca de dois meses.
Série temporal da avaliação sobre Sergio Moro. Gráfico: Atlas Intel
Nesse período, o ex-deputado estadual do Paraná, Toni Garcia, fez novas acusações contra o ex-juiz, afirmando que ele combinava depoimentos mentirosos com membros do Ministério Público, como Deltan Dallagnol, e teria dado a Garcia 30 missões, algumas delas ilegais, para que aceitasse um acordo de delação premiada, o que amenizaria a pena do ex-deputado.
Após solicitações da Polícia Federal (PF) e da Procuradoria-Geral da República (PGR), o ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou a abertura de um inquérito na Corte contra Moro e procuradores envolvidos no acordo de delação premiada considerado o “embrião” da Lava Jato.
Sobre a possível cassação de Moro, no início deste ano, o Ministério Público acolheu as acusações de abuso de poder econômico na campanha do ex-juiz, alegando que ele obteve vantagens indevidas ao realizar uma pré-campanha presidencial antes de disputar a vaga no Senado.
O limite de gastos na campanha para o Senado no Paraná foi estabelecido em R$ 4,4 milhões, mas, de acordo com o MP, Moro gastou R$ 2 milhões apenas na pré-campanha presidencial. Sua campanha para o Senado custou mais R$ 5,1 milhões.
A Procuradoria Eleitoral justifica o pedido de cassação citando o caso de Selma Arruda, ex-juíza de Mato Grosso, cujo mandato de senadora foi cassado pelo TSE devido a gastos em uma pré-campanha extemporânea.
Prevê-se que o TSE terá que deliberar sobre a legalidade do mandato de Moro. Se absolvido no Paraná, uma hipótese considerada improvável, os partidos de Lula e Bolsonaro provavelmente recorrerão ao TSE.
Em caso de condenação, a defesa de Moro recorrerá à Corte superior. Em Brasília, a cassação é vista como algo praticamente certo, e os partidos aguardam a convocação de uma nova eleição para preencher sua vaga.