Em entrevista ao programa Fórum Café desta terça-feira (30), o advogado e jurista Kakay comentou o escândalo do Abingate no governo Jair Bolsonaro.
Segundo informações da Polícia Federal, a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) de Alexandre Ramagem teria monitorado pelo menos 30 mil cidadãos brasileiros entre 2019 e 2023 sob a batuta do governo Bolsonaro.
"O Brasil não está completamente seguro de que não haverá golpe", afirmou Kakay. "O mais difícil de lidar com esse pessoal da extrema-direita é que eles não têm escrúpulos, ética ou limites. Depois que eles se estruturaram em cima de fake news, eles se estruturaram para chegar ao poder e para manter o poder. E para isso eles têm que manter o poder", afirma Kakay. “A ultradireita inoculou o ódio na população brasileira e nós temos hoje uma sociedade dividida. Não sei se voltará a ser como era”, completou.
Direitos dos espionados
Kakay afirma que a sociedade deve saber quem são os mais de 30 mil brasileiros que foram monitorados pela Abin e que esses brasileiros devem ter acesso individual às informações que foram coletadas.
"Essa [violação do] direito à intimidade é extremamente grave. Imagine se eles estão ferindo esse direito para fazer jogo político", completou o jurista, que afirma que o nome dos monitorados deve ser divulgado para compreensão de quem eram os principais alvos do governo.
"Eu não tenho nenhuma dúvida de que o cidadão que foi investigado tem direito de saber o conteúdo inclusive e a sociedade tem o direito mínimo de saber quem foram as pessoas que foram investigadas", completa.
Vai chegar em Bolsonaro
Questionado se as investigações chegarão ao ex-presidente Jair Bolsonaro, Kakay foi objetivo ao dizer que ele foi o maior beneficiário das diversas investigações e que elas certamente chegarão ao inelegível.
"Eu não tenho nenhuma dúvida [de que as investigações chegarão em Bolsonaro]. Há uma máxima no direito penal que é ver quem é que se beneficia mais em determinada ação. Assim começam as investigações. Quando tem uma investigação que envolve política e poder econômico. Eu tenho para mim que ainda vamos ter uma série de questões graves. As imputações que foram colocadas nesse processo são gravíssimas", completa.
"O grupo político que se beneficiou e que se beneficiaria, seguramente, chegará no ex-presidente da República", completou.