Deputados bolsonaristas culpam o general Gustavo Henrique Dutra pela morte do “patriota” Cleriston Pereira da Cunha, 46 anos, ocorrida na Papuda. Preso desde o dia 8 de janeiro, quando participou das invasões das sedes dos Três Poderes, em Brasília, Cunha sofreu infarte fulminante na segunda-feira (20/11).
Em vídeo divulgado pelo deputado Ricardo Salles, o general Dutra, que era comandante militar do Planalto no dia 8 de janeiro, fala sobre o cerco aos militantes presos após as invasões. Na publicação, Salles chama Dutra de “general de merda” e “filho da puta”.
“Isolamos a praça, e aí acontece um fato interessante, porque havia em algumas pessoas um nível de fanatismo, um transe, que, quando nós isolamos a praça, as pessoas acharam que nós estávamos isolando a praça para protegê-los e foram dormir. No dia seguinte, a polícia chegou na hora certa, com todos os meios, prendemos mais de mil pessoas na praça sem nenhum incidente”, conta Dutra, no vídeo gravado durante seu depoimento à CPI dos Atos Antidemocráticos aberta pela Câmara Legislativa do Distrito Federal.
“A culpa da morte do rapaz [Cleriston Pereira da Cunha] é também, em parte, desse general de merda! Um grande filho da puta, deslumbrado”, disse Ricardo Salles.
A morte de Cleriston Pereira da Cunha foi divulgada pela coluna Na Mira, do Metrópoles. O homem passou mal durante um banho de sol. Outros detentos tentaram reanimá-lo, mas Cleriston acabou morrendo no local.
Em setembro, a Procuradoria-Geral da República havia emitido parecer favorável à libertação de Cleriston. A decisão, porém, não chegou a ser analisada pelo ministro Alexandre de Moraes, relator do caso no Supremo Tribunal Federal (STF). Moraes também cobrou explicações sobre a morte do preso.
Como mostrou a coluna, a família de Cleriston não descarta a possibilidade de processar o Estado. “Estamos estudando os fatos para saber que providências tomar. Mas processar o Estado é de fato uma possibilidade. Se Cleriston estivesse solto, acredito que teria bem mais chances de não ter sido acometido pelo ataque fulminante”, disse o advogado da família, Bruno Azevedo.