O escritor Ailton Krenak foi eleito nesta quinta-feira (5) para a Academia Brasileira de Letras (ABL). O autor, que era favorito desde que postulou a sua candidatura em agosto, é a primeira pessoa indígena a ocupar uma cadeira na instituição.
Krenak obteve 23 votos entre os acadêmicos, contra 12 da historiadora Mary Del Priore e quatro do líder indígena Daniel Munduruku. Havia outros 12 candidatos à cadeira número 5, antes ocupada pelo historiador José Murilo de Carvalho.
O líder indígena ganhou destaque nos últimos anos com a trilogia composta por “Ideias para Adiar o Fim do Mundo”, “A Vida Não É Útil” e “Futuro Ancestral”. Essas obras apresentam seu pensamento de forma acessível, adaptados de palestras e textos curtos, que contribuíram para popularizar cosmogonias indígenas em todo o país.
Além disso, a atuação de Krenak, que acaba de completar 70 anos, remonta a décadas e inclui uma participação decisiva na Assembleia Constituinte de 1987, quando representava a União das Nações Indígenas.
A eleição de Krenak para a Academia Brasileira de Letras não é apenas um feito individual, mas também um passo significativo na direção da diversidade dentro da instituição. Nos últimos anos, a ABL tem buscado maior representatividade, com eleições como a de Gilberto Gil e Fernanda Montenegro.
A eleição foi marcada por uma disputa entre Krenak e Munduruku, que acusou o líder indígena de “traição”.
Em entrevista à Folha de S.Paulo, Munduruku afirmou que ambos haviam combinado que apenas um indígena iria se inscrever. Ele disse que Krenak “puxou seu tapete” ao oferecer sua candidatura à ABL.