Sócio de Eduardo Bolsonaro (PL-SP) na Braz Global Holding, empresa criada em maio do ano passado em Arlington, no Texas, Paulo Generoso antecipou pela rede X (antigo Twitter) o encontro entre Jair Bolsonaro (PL) e a cúpula das Forças Armadas, revelado em delação premiada pelo tenente coronel Mauro Cid.
No encontro, Bolsonaro buscou apoio dos militares para um golpe de Estado, chegando a apresentar uma minuta que previa a prisão de adversários políticos.
Em sequência de tuites publicado no dia 20 de dezembro de 2022, Generoso confirma que "em reunião esta semana com o alto comando das Forças Armadas, Bolsonaro pediu apoio para barrar o avanço do judiciário sobre os outros poderes e pediu para que a posse de Lula fosse adiada por 6 meses, até que equipe de juristas fizesse uma investigação sobre favorecimento à (SIC) Lula".
"Freire Gomes foi contra [o apoio ao golpe de Bolsonaro] e disse que não valia a pena ter 20 anos de problemas por 20 dias de glória e falou que não apoiaria ou atenderia o chamado do presidente para moderar a situação mesmo após Bolsonaro apresentar vários indícios de parcialidade em favor de Lula pelo TSE e STF", escreveu Generoso.
Criador do Movimento Repúbica de Curitiba, que surgiu em apoio à Lava Jato, Generoso divulgou mensagem durante todo o mês de dezembro de 2022 mensagens endereçadas a Freire Gomes, compartilhadas pela rede de ódio bolsonarista.
“General de Exército MARCO ANTÔNIO FREIRE GOMES, o Brasil pode contar com o senhor?”, publicou a página em 10 de dezembro.
O sócio de Eduardo Bolsonaro esteve presente nos atos golpistas de 8 de Janeiro. Às 8h45, ele fez a seguinte postagem em seu twitter: “Primavera Verde Amarela. Saímos do QG rumo à Esplanada dos Ministérios. Não vamos desistir do Brasil”. Minutos depois, às 15h19, ele escreveu: “Palácio do Planalto invadido agora. É reintegração de posse que chama?”.
Generoso, que teve a conta no X suspensa pelo Supremo Tribunal Federal (STF), também foi um dos organizadores do movimento político do dia 7 de setembro de 2022. Ele compartilhou no dia uma foto em cima do carro de som ao lado do general Braga Netto.
Delgatti e Mauro Cid
Em depoimento à PF, replicado na CPMI dos Atos Golpistas, o hacker Walter Delgatti Neto afirmou que era contatado por um assessor do general Marco Antônio Freire Gomes, ex-comandante do Exército entre março e dezembro de 2022, que lhe pedia para autenticar conteúdos de vídeos que contestavam o resultado das urnas.
Freire Gomes ainda foi citado em um plano de golpe de Estado discutido em conversa de Ailton Barros, ex-major do Exército, com Mauro Cid. Áudios da conversa foram revelados em maio deste ano.
Nos arquivos, Ailton descreve o “conceito da operação”. No plano, deveria haver participação de Freire Gomes, ou de Bolsonaro, então presidente da República.
No dia 15 de dezembro, Ailton Barros diz a Mauro Cid: “É o seguinte, entre hoje e amanhã, sexta-feira, tem que continuar pressionando o Freire Gomes [então comandante do Exército] para que ele faça o que tem que fazer”.
“Até amanhã à tarde, ele aderindo… bem, ele faça um pronunciamento, então, se posicionando dessa maneira, para defesa do povo brasileiro. E, se ele não aderir, quem tem que fazer esse pronunciamento é o Bolsonaro, para levantar a moral da tropa. Que você viu, né? Eu não preciso falar. Está abalada em todo o Brasil”, complementa.
Ele ressalta a necessidade de Gomes ou Bolsonaro realizarem o pronunciamento comentado no áudio, destacando “de preferência, o Freire Gomes. Aí, vai ser tudo dentro das quatro linhas”.
O ex-militar pontua que seria necessário ter, até o dia seguinte, 16 de dezembro, pela tarde, “todos os atos, todos os decretos da ordem de operações” prontos.