Na decisão que anulou as provas obtidas pelo acordo de leniência feito pela Odebrecht, o ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF), afirmou que os membros da Lava Jato “atingiram vidas ceifadas por tumores, AVCs e ataques cardíacos”. Em trecho da decisão, o magistrado diz que a operação ainda teve “outras consequências físicas e mentais”.
“Para além, por meios heterodoxos e ilegais atingiram pessoas naturais e jurídicas, independentemente de sua culpabilidade ou não. E pior, destruíram tecnologias nacionais, empresas, empregos e patrimônios públicos e privados. Atingiram vidas, ceifadas por tumores adquiridos, acidentes vascular cerebral e ataques cardíacos, um deles em plena audiência, entre outras consequências físicas e mentais”, escreveu Toffoli.
O ministro faz referência ao acidente vascular cerebral sofrido pela ex-primeira-dama Marisa Letícia, que morreu em 2017, em meio à perseguição da Lava Jato. O caso do herdeiro da empreiteira OAS, Cesar Mata Pires Filho, também é citado na decisão: ele morreu pouco mais de duas semanas após ter sofrido um infarto enquanto prestava depoimento em audiência no âmbito da operação.
O magistrado ainda diz que a força-tarefa atuou “por meios heterodoxos e ilegais” que “destruíram tecnologias nacionais, empresas, empregos e patrimônios públicos e privados”.
“[A Lava Jato] utilizou um cover-up de combate à corrupção, com o intuito de levar um líder político às grades, com parcialidade e, em conluio, forjando-se provas. Centenas de acordos de leniências e delações premiadas foram celebrados como meios ilegítimos de levar inocentes à prisão”, diz o ministro.