O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) declarou, nesta terça-feira (5), que “ninguém precisa saber” como votam os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). Durante o programa “Conversa com o Presidente”, Lula citou “animosidade” contra os ministros da Corte.
“A sociedade não tem que saber como é que vota o ministro da Suprema Corte. O cara tem que votar, ninguém precisa saber, votou a maioria, 5 a 4, 6 a 4, 3 a 2, não precisa ninguém saber, porque aí cada um que perde fica com raiva, cada um que ganha fica feliz”, disse Lula.
“Para a gente não criar animosidade, eu acho que era preciso começar a pensar se não é o jeito da gente mudar o que está acontecendo no Brasil, porque do jeito que vai daqui a pouco um ministro da Suprema Corte não pode mais sair na rua, passear com a família, porque tem um cara que não gostou da decisão dele”, acrescentou o petista.
Ao fazer as observações acima, Lula criticou a postura do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e afirmou que não cabe ao presidente da República gostar ou não das decisões do Supremo.
“A Suprema Corte decide e a gente cumpre. É assim que é”, completou Lula.
Agressão a ministro do STF
Há dois meses, o ministro Alexandre de Moraes relatou ter sido agredido no Aeroporto Internacional de Roma. A Polícia Federal (PF) abriu inquérito e aguardava, desde o início desta semana, as imagens do aeroporto para continuar com as investigações.
A solicitação foi feita pelo Departamento de Cooperação Jurídica Internacional (DRCI) do Ministério da Justiça brasileiro às autoridades italianas.
Os dirigentes então, antes de enviar, pediram parecer do Ministério Público italiano. O órgão foi favorável ao envio e repassou o caso para a Justiça italiana definir o envio.
Em entrevista à CNN, há dez dias, o secretário nacional de Justiça, Augusto de Arruda Botelho, disse que a demora de um mês para a Itália enviar as imagens ao Brasil foi normal e que estava seguindo o protocolo.
Ele relembrou que o país está em férias de verão, com poucos profissionais nos tribunais trabalhando, uma espécie de recesso judiciário.
Conforme apurou a CNN, as imagens que mostram o entrevero entre o grupo de turistas brasileiros e Moraes desmentem a versão dos agressores.
De acordo com relator, o filme corrobora “100%” a versão apresentada por Moraes à PF, de que o empresário Roberto Mantovani Filho, sua mulher, Andréia Munarão, e o genro do casal, Alex Zanatta, hostilizaram e agrediram ele e sua família.
As imagens mostram que os turistas passam perto de Moraes e sua família e começam a ofendê-los e gravá-los.
As autoridades italianas fizeram uma espécie de relatório da gravação, confirmando que Munarão se aproxima do ministro e passa a agredi-lo verbalmente e a filmá-lo, enquanto Moraes fazia o credenciamento para entrar numa sala VIP do aeroporto.
As imagens mostram que eles estavam passando e começaram a gravar e ofender. As autoridades italianas, inclusive, fizeram um documento e afirmam que a mulher vai chegando perto do ministro e passa a proferir palavras e gravar Moraes.
A gravação que chegou ao Brasil na segunda-feira (4) também confirma que um dos investigados deu um tapa em Alexandre Barci de Moraes, de 27 anos, filho do ministro, e que não havia nenhum tipo de tumulto, como chegou a ser aventado pelo grupo de turistas.
Em nota, o advogado de defesa dos turistas, Ralph Tórtima, afirmou que solicitou acesso às imagens.
“Causa muita estranheza e preocupação a ocorrência de eventuais vazamentos pela Polícia Federal, em evidente desrespeito ao sigilo decretado nos autos. É algo que merece apuração. São vazamentos invariavelmente marcados por parcialidade, sem comprovação, sempre no interesse de apenas uma das partes. Em razão disso, sou favorável ao levantamento do sigilo dos autos, de sorte a que todos tenham acesso e saibam o que verdadeiramente aconteceu”, diz a nota.