O termo "Sul Global", frequentemente utilizado para se referir a esses países em desenvolvimento, está agora se tornando sinônimo de uma nova abordagem em relação à ordem mundial. A estratégia dos países do Sul Global se fundamenta na busca pela autonomia na definição de seus destinos. Nirupama Menon Rao, ex-secretária de Relações Exteriores da Índia, destaca os esforços do seu país na disseminação de pagamentos digitais para outras nações em desenvolvimento. "O alcance da Índia a países do Sul Global tem obtido sucesso", afirmou a ex-embaixadora nos Estados Unidos à Bloomberg Television em junho passado.
Essa mudança de paradigma sinaliza um afastamento gradual das regras econômicas estabelecidas pelos EUA e seus parceiros ocidentais, que há décadas moldam a ordem mundial após a Segunda Guerra Mundial. A vinculação das moedas ao dólar americano e a ênfase na livre circulação do comércio internacional eram pilares fundamentais desse sistema, que agora está sendo questionado e reinterpretado por nações do Sul Global.
O Brasil, por sua vez, também tem desempenhado um papel importante nesse movimento. Através da diversificação de suas parcerias comerciais e esforços para consolidar relações com outros países do Sul Global, o Brasil está contribuindo para a construção de um novo paradigma nas relações internacionais. O país busca se libertar das restrições que historicamente foram impostas pela ordem liderada pelos EUA.
Esse movimento não ocorre de forma ostensiva, mas sim como uma série de ações discretas que, somadas, refletem uma transformação no cenário global. A redefinição gradual das regras econômicas e políticas externas por parte do Sul Global representa uma busca pela autonomia, pela diversificação de parcerias e por um papel mais ativo na configuração do sistema internacional.