Entrevistas concedidas por Jair Bolsonaro à TV Bandeirantes e ao SBT no dia 30 de outubro de 2019, logo após a TV Globo publicar o depoimento do porteiro do condomínio Vivendas da Barra, onde morava o ex-presidente, tiveram perguntas e respostas ensaiadas e tentativas repetidas de se acertar a melhor forma de como o então presidente da República reagia aos questionamentos.
É o que mostram gravações em vídeo dos bastidores dessas entrevistas, concedidas por Bolsonaro durante viagem ao Oriente Médio, a que o DCM teve acesso. Veja, abaixo, as duas reportagens, como foram ao ar nas emissoras de TV naquele 30 de outubro:
Nos bastidores dessas entrevistas, os jornalistas Caiã Messina (Band) e Patrícia Vasconcellos (SBT) e suas equipes orientando o ex-presidente nas respostas, abrem seus microfones e para que o então presidente critique e ataque a TV Globo e o então governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, e até repetem as gravações de perguntas e respostas até que saiam perfeitamente ao gosto de Bolsonaro.
Na entrevista para o SBT, um produtor da emissora chega a interromper a gravação e a fala do então presidente, para que fossem refeitas pergunta e resposta, sem que Bolsonaro revelasse que já estava sabendo da reportagem na TV Globo antes que ela tivesse ido ao ar.
Já o jornalista da Band grava uma mesma pergunta e resposta por tr|ês vezes, até sair a contento do entrevistado. Assista abaixo.
No dia do crime, Élcio Queiroz, comparsa de Lessa, esteve no condomínio. Segundo o porteiro falou à Polícia Civil do Rio na época, Queiroz, na hora de se identificar na portaria, disse que iria para a casa 58, de Bolsonaro. O funcionário declarou em depoimento que quem liberou a entrada teria sido o “seu Jair”.
O então presidente passou quase todo o tempo das entrevistas criticando a Globo e o então governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PMB).
Já no Jornal da Band da última segunda-feira, dia 24, o âncora Eduardo Oinegue criticou duramente o ministro da Justiça, Flávio Dino, e as novas revelações do caso Marielle.
Segundo Oinegue, a delação de Élcio Queiroz apontou o dedo “não pra cima, na direção dos mandantes, mas pra baixo”, se referindo ao ex-bombeiro Maxwell Simões Corrêa, o Suel, um dos envolvidos no assassinato.