“Estamos aqui para discutir o futuro do Mercosul, o aprimoramento das relações entre Brasil, Argentina, Uruguai, Paraguai e Bolívia. E nós queremos também preparar aqui a proposta de acordo para a União Europeia. Eles fizeram uma proposta, fizemos uma resposta. Mandaram uma carta para nós impondo algumas condições. Não aceitamos a carta. Estamos, agora, preparando uma outra resposta”, afirmou.
Acrescentou que “queremos fazer uma política
de ganha-ganha. A gente não quer fazer uma política em que eles ganham e
a gente perca. Por exemplo: eles querem que a gente abra mão de compras
governamentais, ou seja, aquilo que o governo compra das empresas
brasileiras. Se a gente abrir mão das empresas brasileiras para comprar
de empresas estrangeiras a gente simplesmente vai matar pequenas e
médias empresas brasileiras, pequenos e médios empreendedores e vamos
matar muito emprego aqui no Brasil.”
Meio ambiente
Durante o programa, Lula comentou ainda as condições impostas pela União Europeia ao Mercosul no que diz respeito a energias limpas. Na avaliação do presidente, nenhum país tem autoridade moral para discutir com o Brasil sobre o tema. “Obviamente que tivemos a grosseria de um governo que desrespeitava o desmatamento, não respeitava terra indígena, florestas, reservas florestais. Tudo isso acabou” disse o presidente.
Ele assegurou que “agora vamos diminuir o
desmatamento, respeitar os indígenas, cuidar das nossas reservas
florestais e respeitar terras quilombolas. Da sua matriz energética, 87%
da energia [elétrica] brasileira é renovável. O mundo só tem 27%. Se
você pegar a matriz energética como um todo, envolvendo combustível, o
Brasil tem 50% de energia limpa. O mundo tem 15%. O Brasil tem muita
autoridade moral para cuidar corretamente da preservação da nossa
floresta.”
Desmatamento zero
O presidente Lula lembrou que o governo brasileiro assumiu o compromisso de chegar ao desmatamento zero até 2030 e reforçou que a meta será cumprida. “Queremos discutir um acordo, mas não queremos imposição para cima de nós. É um acordo de companheiros, de parceiros estratégicos. Então, nada de um parceiro estratégico colocar espada na cabeça do outro. Vamos sentar, vamos tirar nossas diferenças e vamos ver o que é bom para os europeus, para os latino-americanos, para o Mercosul e para o Brasil.”
“Para todos eles, eu disse que a carta era inaceitável. Tal como ela foi escrita, ela era inaceitável e é inaceitável. Você não pode imaginar que um parceiro comercial seu pode impor condições. ‘Se você não fizer tal coisa, eu vou te punir. Se você não cumprir o acordo de Paris, eu vou te punir.’ Acontece que os países ricos não cumprem um dos acordos. Não cumpriram o Protocolo de Kyoto, as decisões de Copenhague, do Rio 2002 e não vão cumprir o Acordo de Paris,”, finalizou o presidente.
Edição: Kleber Sampaio