Por Denise Assis, 247 - A ministra da Saúde, Nísia
Trindade, discursou nesta segunda-feira (22) na plenária da 76ª
Assembleia Mundial da Saúde (AMS), em Genebra, na Suíça. Sua
participação, além de saudar os 75 anos da OMS, teve por objetivo
definir as políticas para os próximos 12 meses para os países-membros.
Órgão decisório da Organização Mundial da Saúde (OMS), a reunião conta
com a presença desses países. Neste ano, o tema escolhido foi "OMS aos
75: salvando vidas, levando saúde para todos".
A Ministra destacou a retomada da agenda brasileira em defesa da equidade em saúde, da cultura de paz e do multilateralismo.
Confira o discurso na íntegra:
Excelentíssimo Senhor Tedros Adhanon, Diretor-Geral da Organização Mundial da Saúde,
É uma grande honra subir a este púlpito para, em nome do Brasil, celebrar o 75o aniversário da OMS. Trago também uma saudação do Presidente do Brasil, Presidente Lula, que cumprimenta a Organização pela sua história e pela liderança durante o tempo de pandemia.
O grande potencial da Organização está em sua capacidade de enfrentar os desafios contemporâneos e antecipar os futuros desafios. É imperioso neste momento aprendermos lições de uma pandemia que deixou 6 milhões de mortos, mais de 700 mil no Brasil, com grave impacto nos sistemas de saúde, na saúde mental, na economia e no tecido social. Precisaremos de sistemas nacionais de saúde mais preparados para as emergências que virão, e dar respostas a problemas latentes durante esta pandemia.
Quero também dizer que o Brasil está de volta, o que significa a retomada de nossa agenda em defesa da equidade em saúde, da cultura da paz e do multilateralismo, fundamentais neste tempo. Precisaremos enfrentar os desafios da mudança do clima e seus impactos em saúde. Recordemos que mais da metade do tempo para realizar os ODS já transcorreu, e a despeito de alguns avanços como os demonstrados pelo Dr. Tedros hoje, estamos em grande parte do mundo em situação pior do que antes da Covid19.
Precisamos nesse momento fortalecer substancialmente os sistemas de vigilância e os sistemas de saúde como um todo. Necessitaremos mais inovação, transferência de tecnologia, financiamento, voltados para sistemas de saúde mais equitativos. Em tempos de inteligência artificial e avanços na saúde digital, é crucial que essas sejam ferramentas acessíveis e eticamente orientadas. Temos que descentralizar a produção de medicamentos, vacinas e insumos estratégicos para garantir o acesso equitativo em todo o mundo. Trabalhar para reduzir as desigualdades e diante e dentre elas a desigualdade de acesso aos benefícios do conhecimento científico e tecnológico. Desigualdade faz mal à saúde.
Isso nos exigirá um multilateralismo revigorado. Não alcançaremos esses objetivos sem uma reforma da arquitetura global da saúde que a torne mais ágil, coesa, com a OMS no centro desse processo e que reduza as desigualdades entre países e regiões. Temos de democratizar o sistema internacional de saúde, para que as vozes dos Estados e de suas populações, sobretudo as negligenciadas, possam ser ouvidas. A conclusão exitosa do instrumento sobre pandemias e a reforma do Regulamento Sanitário Internacional são elementos decisivos nesse momento.
Isso implica ampliar nossa agenda: reduzir desigualdades e promover a equidade. Avançar na busca da igualdade de gênero na saúde. Buscar a universalização do acesso à saúde para as populações afrodescendentes. Pensar em sistemas de saúde que respeitem as especificidades dos povos indígenas. Agradeço desde logo o apoio recebido ao projeto brasileiro de resolução, pioneira em reconhecer a saúde dos povos indígenas como tema de interesse da OMS.
Confiamos no papel que a OMS pode exercer para realizar essas
aspirações e na liderança do Dr. Tedros Adhanon. O Brasil voltou para
somar sua voz e sua atuação em defesa da equidade em saúde, da justiça e
da solidariedade internacional.