Todos os indicadores de violência contra a mulher subiram no ano de 2022, segundo a quarta pesquisa “Visível e Invisível – a Vitimização de Mulheres no Brasil” – do Fórum Brasileiro de Segurança Pública e do Datafolha divulgada nesta quinta-feira (2).
De acordo com o estudo, nos últimos 12 meses, 28,9% (18,6 milhões) das mulheres relataram ter sido vítima de algum tipo de violência ou agressão, sendo o maior percentual da série histórica. Isso significa que 35 mulheres foram agredidas física ou verbalmente por minuto no país.
Em relação à última pesquisa, que foi feita entre abril de 2020 e março de 2021, o crescimento foi de 4,5 pontos percentuais. Os pesquisadores dizem que não é possível apontar uma única causa, mas que 3 fatores devem ser destacados:
1) O fim de financiamentos das políticas de enfrentamento à violência contra a mulher por parte do governo de Jair Bolsonaro (PL) nos últimos 4 anos. 2) A pandemia de Covid-19 que comprometeu o funcionamento de serviços de acolhimento às mulheres. 3) Ação política de movimentos ultraconservadores que se intensificaram na última década e elegeram, dentre outros temas, a igualdade de gênero como um tema a ser combatido, como visto nas eleições de 2022.
Segundo a pesquisa, os tipos de ofensas mais citados foram:
Ofensas verbais: 23,1% de prevalência (14,9 milhões)Os pesquisadores destacam que, em comparação aos anos anteriores, o cenário é de “um crescimento acentuado de formas de violência grave, que podem incorrer em morte da mulher, como é o caso do crescimento de episódios de perseguição, agressões como tapas, socos e chutes, ameaça com faca ou arma de fogo e espancamentos”.
O estudo aponta que a maioria das mulheres que sofreram agressões e responderam à pesquisa não tomou uma atitude após ter sofrido a violência mais grave. A resposta com maior percentual foi “não fez nada”, com 45%.
Em seguida, aparecem “procurou ajuda da família” (17,3%) e procurou a ajuda de amigos (15,6%). Apenas 4,8% acionaram a Polícia Militar, e 1,7% fizeram a denúncia via registro eletrônico, por exemplo.
Entre os dias 9 e 13 de janeiro de 2023, 1.042 mulheres com 16 anos ou mais foram entrevistadas em 126 municípios de pequeno, médio e grande porte. A margem de erro é de dois pontos para mais ou para menos na amostra nacional e de três pontos para mais ou para menos na amostra do módulo de autopreenchimento.