General Tomás Paiva, atual comandante do Exército, afirmou a subordinados que o governo de Jair Bolsonaro interferiu na Força e criou “desgastes” para militares. As declarações ocorreram em reunião com auxiliares do Comando Militar do Sudeste em 18 de janeiro, três dias antes da demissão do então comandante Júlio César de Arruda. A informação é da Folha de S.Paulo.
“Algumas interferências do governo, direta, na área militar. ‘As novas motociatas do presidente Bolsonaro serão na Aman’ —isso foi noticiado. Não ocorreu porque os nossos comandantes, nossos generais, conseguiram convencer o presidente que não era uma coisa adequada ter uma motociata, que é um ato político de apoio ao presidente, dentro da academia militar”, afirmou Tomás na ocasião.
Ele ainda disse que um dos exemplos de interferência do ex-presidente na Força era a troca do comando. Antes da gestão, os comandantes costumavam ficar quatro anos na função, mas houve três substituições no posto quando Bolsonaro estava no poder.
“No governo passado tivemos uma coisa pouco usual que foram as três mudanças de comandante de Força. Passamos pelo general Pujol, depois o general Paulo Sérgio e depois o general Freire Gomes. Não deu para completar o tempo de quatro anos, que tinha sido normal em todos os governos. Esse é o contexto que estou mostrando para vocês do que ocorreu”, completou.