O cantor Victor Chaves, da ex-dupla Victor & Leo, e a empresa Vida Boa Show e Eventos foram condenados pela Justiça a pagar R$ 21 mil a um ambulante que trabalhava em um rodeio em Sarzedo, na região metropolitana de Belo Horizonte. O trabalhador alegou que foi humilhado pelo artista durante a apresentação.
A decisão do juiz André Luiz Pimenta Almeida, da 2ª Vara Cível da Comarca de Ibirité, foi publicada em 30 de dezembro de 2022, mas a reportagem da Itatiaia teve acesso ao documento nesta quarta-feira (1º).
Em 17 de maio de 2012, o vendedor relatou que estava na apresentação da dupla sertaneja, trabalhando embaixo do guarda-sol, quando foi chamado pelos seguranças para se retirar.
“Diante da recusa em dali se retirar, por não estar fazendo nada de errado, a dupla parou abruptamente o show, sendo que o requerido Victor se dirigiu a ele na multidão ordenando que se retirasse do local, por atrapalhar a visibilidade do público”, informou o documento.
Na versão do ambulante, “débil mental”, “sem cérebro”, “ignorante” e “negão” foram alguns dos xingamentos proferidos pelo Victor contra o trabalhador. Os insultos foram filmados e divulgados na internet, o que aumentou o constrangimento do trabalhador.
Depois disso, os seguranças da dupla tomaram a caixa de bebidas e o obrigaram a sair do local. Ainda de acordo com o relato, após o show, o ambulante foi até o camarim, onde o cantor Leonardo pagou R$ 3 mil e devolveu as bebidas. Porém, o vendedor teve que entregar o valor ao evento e dono das bebidas, recebendo apenas R$ 450.
O vendedor entrou com uma ação na Justiça requerendo indenização por danos morais no valor equivalente a 40 salários mínimos.
A defesa do artista disse que “a intervenção da dupla no ocorrido somente se fez necessária porque o Requerente, mesmo após inúmeras reclamações do público e da organização local, se recusava a retirar sua barraca que atrapalhava a visão de várias pessoas que compareceram ao evento, a qual estava instalada irregularmente em meio ao público”.
Ainda frisou que o cantor "se limitou a solicitar, com gentileza, que o guarda-sol da barraca fosse fechado."
O juiz entendeu que a conduta do cantor foi "exaltada" e expôs o ambulante à "situação vexatória e pressão psicológica".
O magistrado pontuou que o cantor usou o termo "negão" não teria ocorrido "com intuito deliberado racista, mas sim como uso coloquial, embora desaconselhável e reprovável, da língua".
A reportagem da Itatiaia tenta contato com a defesa de Victor da empresa Vida Boa Show e Eventos. A matéria será atualizada logo que receber um posicionamento.